domingo, 23 de dezembro de 2012

Cansaço

Estou cansado
Os fardos que carrego
As vidas que recolhi em minha sede
Seu sangue já não é doce como antes
O sabor de suas vidas já não me satisfaz
Levaram meu brilho
Levaram minha carne e alma
Até meu sangue podre escoaram
Os ossos já estão amarelos e podres
Quero ficar aqui, na sombra
Quero ver suas vidas brotarem e morrerem
Que se sua carne recupere o sabor de antes
E que seu sangue volte a ser doce como antes
E que seu grito ao te devorar volte também a ser musica
Estou cansado, sua morte já não me satisfaz
quero descansar, para novamente matar e morrer

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Os Muros Vermelhos

O sangue pelo muro das casas se espalha
O tempo correndo, a lamina cortando
Pele, carne, veias até encontra com o osso
Obliterando-o, um membro decepado
O sangue a espirrar pelo muro...
O próximo, de postura reta e queixo alto
A lamina alta e vertical, em um assovio fino e belo
Desce cortando o ar, cabelo, pele, veias, osso...
Sua ultima lembrança qual foi?
Família, casa, amores, seus campos....
Ou então apenas se perdeu na imagem da lamina
Que descia veloz e calma sobre seus olhos sem brilho
O braço pesa, o muro cada vez mais vermelho
A lamina é limpa com um ritual exato e preciso
Sempre pura e reluzente pronta para o próximo ato
O braço pesa e suas roupas estão tão vermelhas quanto o muro
O fedor do medo que algum exalam se mistura com a falsa coragem de outros
Tudo neles fede a derrota, e o sangue já pintou todo o muro
Mas ainda falta mais, e o braço não pode parar agora
Os muros precisam ver pintados com o sangue do covardes.