segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A casa

O dia chega, ilumina e revela a degradação de seu corpo
Mostra o sangue e lema secos, feridas abertas que já pararam de sangrar, mas ainda doem.
Há uma casa em seu caminho, onde ele se recolher para descansar.
O lugar é habitado pois há moveis, comida  e água fresca.
Ele olha ao redor, ver as coisas que ali estão, ele lembra delas. Seria essa sua própria casa ?
A cama lhe cabe e lhe conforta. mas seria essa a sua cama? algo lhe inquieta.
A casa é grande e vivida, mas ele vê uma sombra em casa canto.
Um vazio parece devorar o ar a cada comodo que ele visita.
Tudo ali lhe é reconhecido porem nada lhe traz um ar familiar.
Como o retrato de uma tela. A fotografia de uma fotografia.
Ele descansara mas sua mente vaga em lacunas e quartos sem vida.
Alguém lhe trata as feridas, alguém lhe oferece comido e tira sua botas.
Uma sombra? uma Luz ? ou apenas uma ilusão?
O sonho deturpado de alguém que vive solitário entre retalhos de um vida.
A sombre lhe envolve e a luz lhe esquenta. Mas nada lhe toca.
E a ilusão lhe chama novamente as repesabilidade de sua promessa.
Ele se levanta. Nu em carne e sangue.
E ali se ajoelha e faz sua oferendas.
Tudo de bom lhe foi Oferecido
Ele louva e agradece.
Mas ainda sem saber o que ele faz ali.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Fome

Suas botas surradas afogadas em sangue e lama.
Sua arma envolta de ferrugem e marcas de suas batalhas.
O mesmo sangue e as mesma marcas cobrem seu corpo e seu rosto.
O gosto da carne morta em sua boca ainda o enchia de ansia e fome
A fome o assolava no meio daquele campo de morte.
O assolava entre as trevas da floresta densa.
Um fome, uma falta.
Um sabor que havia desaparecido e agora só cinzas enchiam sua boca.
E em seu amago só a carne morta dos campos de batalha o matinha em pé
Pois nada aplacava sua fome, algo faltava em sua boca.
Aquele gosto perdido, aquela luz que se apagou, um buraco clavado em seu peito.
Onde pulsa seu coração? onde esta a carne que saciará sua fome?
Por isso ele vaga na escuridão da noite, saído de outro banquete de morte que não o preencheu.
Por isso vaga cada vez mais fundo na escuridão, buscando a luz que se apagou.
O fogo que deixou de queimar em seu espirito, e o preenchei de cinzas e frio.
A noite o devora a cada passo, em cada passo ele se perde mais.
uma busca que não pode parar, uma luta que não pode parar.
Uma promessa que não pode ser esquecida.
Então ele mergulha.
E sua boca sem enche de sangue novamente e se alimenta do ódio.
E esperar em uma sombra qualquer o momento de se levantar e lutar novamente.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Na noite

   Seu corpo novamente em pé
   Se foram dias ou meses desde sua queda ele não sabe, o tempo para ele definha a cada segundo.
   O sangue seco em seu rosto umedece com o sereno da noite que vem chegando. As aves de rapina se banqueteiam com os restos da batalha, e entre as sombras pode-se ver o brilho dos primeiros animais selvagem a se aproximarem.
   Homens, carniceiros de duas patas, que não se alimentam e nem limpam a relva, só reviram os mortos e roubam suas posses. Ha ainda aqueles que podem vir a dar um fim definitivo, queimando os restos mortais e entoando orações e cânticos para acalmar a alma recém desligada do corpo e lhe guiar o caminho.
   Poderia se deitar novamente e esperar que viessem os corvos, que viessem os saqueadores, e por fim os sacerdotes para atearem fogo em seu corpo e o livrar daquele corpo cansado e mutilado. Mas ele não podia. A voz chamou.
   Seus pés se arrastavam afundando em lama, sangue e urina dos mortos. o sol já abandonava o céu deixando um borrão vermelho ao horizonte ornando com o vermelho do campo de batalha. e do outro lado a noite vinha devorando a luz.
   O caminho de corpos inertes se estendia a sua frente. Momento ou outro ouvia o gemido e alguma alma ainda arranjava força para se erguer também. Pobre, derrotados e retalhados, porem ainda insistiam em levantar também.
   E assim a noite chegou, os espíritos partiram e os corpos foram cremados em um pira que rompeu o negrume da noite com suas chamas. E o pistoleiro seguiu seu caminho.
   

Aquelas malditas Palavras

- Me diga homem caído, falei aqui em meus ouvidos com seu ultimo suspiro. Repita para mim aquelas palavras que você uma vez disse com tanta certeza e poder em sua voz. Diga. Repita elas pra mim, eu ordeno.
O balbuciar daquela voz em seus ouvidos, rasgava sua mente e fervia novamente seu ódio.
Ele tentava ver os que lhe falava ao ouvido, mas ele sabia que não veria algo diferente do que já viu da outras vezes. Um vulto, um borrão, indecifrável. Talvez uma valquíria, ou aquela bela valquíria, vindo lhe cobrar um promessa feita ao que parecia era atras e assim não o fosse verdade, pois o tempo já havia fugido de sua mente e ele não o distinguia mais, alem de dia ou noite.  Ou então um demônio sarcástico como aquele e ele persegue, vindo rir sobre sua carcaça ensanguentada e aberta aos corvos, cobrando uma divida e exigindo o pagamento da mesma.
Tantas malditas coisas podem estar ai, cobrando dividas e promessas não cumpridas.
- Deite e morra - Falava ele pra si mesmo - feche os olhos e deixe seu peito baixar pela ultima vez e o ar lhe fugir dos pulmões - rezava ele, sem saber pra quem rezava.
Sua mão relaxava a tensão e se afundava em uma poça de seu próprio sangue, já esfriando e endurecendo, ao mesmo tento que a relva que rosava sem seu rosto ia parecendo cada vez mais distante e leve. Então os sussurros pararam  e seu corpo, mente e alma iam lentamente afunando na escuridão...
Mas algo ainda precisava sem dito, não por lembranças ou por anjos e demônios. Mas o monstro veio de onde ele mais temia. Dentro da mais profunda escuridão de sua alma, mente ou peito ele veio. Com suas garras rasgando qualquer pensamente, crença ou dor que havia nele.
Um maldita palavra, mais dura que as lembranças ou promessas.
Um monstro que dormia em seu amago.
Uma voz de mulher
Uma ordem maldita
- Em pé pistoleiro - Dizia ela, desprezando todo o sofrimento, dor ou compromisso - Levante e venha até mim.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Senhor das terra em sangue

Tudo emerge do nada.
Os ossos, os pedaços de carne morta, tudo esta lá, porem não resta mais nada.
Assim como em um conto antigo, o homem de preto ia a frente e o pistoleiro o seguia. Mas sua arma não tinha mais bala e seu cano enferrujado, seus coldres rasgados e nada em seu coração. Mesmo assim seu corpo se mantinha em pé, sem sangue, sem brilho nos olhos, sem uma alma para guia-lo. Porem seu corpo bombiava ódio e vingança que enchia sua veia e colocava força em seus caninos.
O homem de preto se movia ao longe, seu mante encharcado de sangue se arrastava no chão pintando a relva de rubro. Em seu cajado a cinza e o pó dos derrotados se juntavam formando um grande osso branco. em que seus dedos finos e necróticos se fechavam.
O pistoleiro saca sua arma, e mira com o ódio, e dispara com sede de vingança. E se esculta ao longe, não o dispara de um tiro certeiro, mas o estalido, repetido de frustado de uma arma enferrujada e mergulhada em sangue, que é seguido de um som rouca e abafado, que escapa entre os dentes cerrados do homem de preto.
Ele se afastava e o som se afastava com ele.
O pistoleiro mantinha o braço esticado apontando a arma para a figura sinistra que se afastava entre os corpos derrotados daquele campo de batalha. Não havia força para um passo, nem para abaixa o braço. A unica coisa que pode fazer foi ver a figura negra se afastando. E quando não restava mais nada em pé no campo de batalha e o homem de preto desapareceu no horizonte, finalmente seu corpo cedeu e desabou caindo na poça de sangue de seus companheiros.
A morte deveria fazer seu trabalho, mas ela não o fará.
Para a tristeza e desespero do pistoleiro.